Entre o Céu e o Inferno
Conta a lenda que um dia um samurai, grande e forte, conhecido pela sua índole violenta foi procurar um sábio monge em busca de respostas para suas dúvidas.
Monge, disse o samurai com desejo sincero de aprender,
Ensina-me sobre o céu e o inferno!
O monge, de pequena estatura e franzino, olhou para o bravo guerreiro e simulando desprezo disse:
- Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma. Você está imundo. Seu mau cheiro é insuportável!
Ademais, a lâmina da sua espada está enferrujada.
Você é uma vergonha para a sua classe!
O samurai ficou enfurecido.
O sangue lhe subiu ao rosto e ele não conseguiu dizer nenhuma palavra, tamanha era sua raiva.
Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e se preparou para decapitar o monge.
- Aí começa o inferno! - disse o sábio mansamente.
O samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele pequeno homem o impressionara. Afinal, arriscou a própria vida para lhe ensinar sobre o inferno. O bravo guerreiro abaixou lentamente a espada e agradeceu ao monge pelo valioso ensinamento. O velho sábio continuou em silêncio. Passado algum tempo o samurai, já com a intimidade pacificada, pediu humildemente ao monge que lhe perdoasse o gesto infeliz. Percebendo que o pedido era honesto, o monge lhe falou: - Aí começa o céu!.
Portanto o céu e o inferno podemos construir na própria intimidade. São estados de espírito que elegemos no dia-a-dia. A cada instante somos convidados a tomar decisões que definirão o início do céu ou o começo do inferno. É como se todos fôssemos portadores de uma caixa invisível, onde houvessem também ferramentas e materiais de primeiros-socorros. Diante de uma situação inesperada, podemos abri-la e lançar mão de qualquer objeto do seu interior. Assim, quando alguém nos ofende ou atinge, podemos erguer o martelo da ira ou usar o bálsamo da tolerância.
Visitados pela calúnia, podemos usar o machado do revide ou a gaze da autoconfiança. Quando injúria bater em nossa porta, podemos usar o aguilhão da vingança ou o óleo da compreensão e talvez do perdão. Diante da enfermidade inesperada, podemos lançar mão do ácido dissolvente da revolta ou empunhar o escudo da fé. Ante a partida de um ente caro, nos braços da morte inevitável, podemos optar pelo punhal do desespero ou pela chave da aceitação.
Enfim, surpreendidos pelas mais diversas e infelizes situações, poderemos sempre optar por abrir abismos de incompreensão ou estender a ponte do diálogo que nos possibilite uma solução feliz.
A decisão depende sempre de nós.
E ela do nosso estado íntimo.
Portanto, criar céus ou infernos, portas lá dentro da alma, é algo que ninguém poderá fazer por nós. Sua vontade é soberana. Sua intimidade é um santuário do qual só você possui a chave. Preservá-la das investidas das sombras ou abri-la para que o sol possa iluminá-la só depende de você.
Monge, disse o samurai com desejo sincero de aprender,
Ensina-me sobre o céu e o inferno!
O monge, de pequena estatura e franzino, olhou para o bravo guerreiro e simulando desprezo disse:
- Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma. Você está imundo. Seu mau cheiro é insuportável!
Ademais, a lâmina da sua espada está enferrujada.
Você é uma vergonha para a sua classe!
O samurai ficou enfurecido.
O sangue lhe subiu ao rosto e ele não conseguiu dizer nenhuma palavra, tamanha era sua raiva.
Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e se preparou para decapitar o monge.
- Aí começa o inferno! - disse o sábio mansamente.
O samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele pequeno homem o impressionara. Afinal, arriscou a própria vida para lhe ensinar sobre o inferno. O bravo guerreiro abaixou lentamente a espada e agradeceu ao monge pelo valioso ensinamento. O velho sábio continuou em silêncio. Passado algum tempo o samurai, já com a intimidade pacificada, pediu humildemente ao monge que lhe perdoasse o gesto infeliz. Percebendo que o pedido era honesto, o monge lhe falou: - Aí começa o céu!.
Portanto o céu e o inferno podemos construir na própria intimidade. São estados de espírito que elegemos no dia-a-dia. A cada instante somos convidados a tomar decisões que definirão o início do céu ou o começo do inferno. É como se todos fôssemos portadores de uma caixa invisível, onde houvessem também ferramentas e materiais de primeiros-socorros. Diante de uma situação inesperada, podemos abri-la e lançar mão de qualquer objeto do seu interior. Assim, quando alguém nos ofende ou atinge, podemos erguer o martelo da ira ou usar o bálsamo da tolerância.
Visitados pela calúnia, podemos usar o machado do revide ou a gaze da autoconfiança. Quando injúria bater em nossa porta, podemos usar o aguilhão da vingança ou o óleo da compreensão e talvez do perdão. Diante da enfermidade inesperada, podemos lançar mão do ácido dissolvente da revolta ou empunhar o escudo da fé. Ante a partida de um ente caro, nos braços da morte inevitável, podemos optar pelo punhal do desespero ou pela chave da aceitação.
Enfim, surpreendidos pelas mais diversas e infelizes situações, poderemos sempre optar por abrir abismos de incompreensão ou estender a ponte do diálogo que nos possibilite uma solução feliz.
A decisão depende sempre de nós.
E ela do nosso estado íntimo.
Portanto, criar céus ou infernos, portas lá dentro da alma, é algo que ninguém poderá fazer por nós. Sua vontade é soberana. Sua intimidade é um santuário do qual só você possui a chave. Preservá-la das investidas das sombras ou abri-la para que o sol possa iluminá-la só depende de você.
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