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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Bushido


Bushido significa literalmente, "caminho do guerreiro" - era um código de honra não-escrito e um modo de vida para os samurais (a classe guerreira do Japão feudal ou bushi), que fornecia parâmetros para esse guerreiro viver e morrer com honra.
"Seguir o bushido, é dar ênfase à lealdade, fidelidade, auto sacrifício, justiça, modos refinados, humildade, espírito marcial e honra acima de tudo, morrer com dignidade".
Bushido é formado e influenciado pelos conceitos do Budismo, Xintoísmo e Confucionismo. A combinação dessas doutrinas e religiões, formaram o código de honra do guerreiro samurai, conhecido como bushido.
O Budismo se relaciona com o bushido, através do destemor do perigo e da morte. O samurai não temia a morte pois acreditava nos ensinamentos budista, que pregava a vida após a morte. Voltaria no encargo de guerreiro em suas contínuas reencarnações. Os samurais não tinham medo do perigo, as técnicas de meditação do Zen, foram usadas como um meio de limitar esse temor. Com os ensinamentos Zen, os samurais buscavam entrar em harmonia com seu Eu interior e com o mundo a sua volta. O desapego era a base do samurai, com a pratica do desapego, o samurai se tornou a maior casta de guerreiros que já existiu.
Bushido foi influenciado também, pelos preceitos do Xintoísmo, como a lealdade, o patriotismo, e a reverência aos seus antepassado. Com tal lealdade para com a memória de seus ancestrais, os samurais empenham essa mesma reverência ao imperador e ao seu daimyo ou senhor feudal. Xintoísmo também fornece importância para patriotismo com seu país, o Japão. Eles crêem que a Terra não existe apenas para suprir as necessidades das pessoas. "É a residência sagrada dos deuses, dos espíritos de seus antepassados..." A Terra deve ser cuidada, protegida e alimentada por um patriotismo intenso.
O Confucionismo oferece ao bushido, sua crença em relação aos seres humanos e suas famílias. Confucionismo ressalta o dever filial e as relações entre senhor e servo, pai e filho, marido e mulher, irmão mais velho e mais novo e entre amigos, que são seguidas pelos samurai. Junto com estas virtudes, o bushido também prega a justiça, benevolência, amor, sinceridade, honestidade, e autocontrole. Justiça é um dos principais fatores no código do samurai, assim como o amor e a benevolência que são suntuosas virtudes dos samurais.
Bushido, literalmente traduzido, significa "Caminho do Guerreiro", bushi "guerreiro" do "caminho". Neste sentido, o ideograma para caminho, em japonês, é equivalente à forma chinesa “Tao”, e exprime o conceito filosófico de absoluto. Este conceito traz a idéia de origem, princípio e essência de todas coisas.
"O bushido, significa a vida total do guerreiro, sua devoção a espada, seu respeito às normas ditadas pelo Confucionismo. Não é apenas um sistema de ética a ser seguido pelas classes sociais. É a estrada do cosmo, os vestígios sagrados dos Céus, apontando o Caminho". – O Livro Dos Cinco Anéis.
No geral, guerreiro é aquele que busca seu próprio caminho. Muitas pessoas podem estar perfeitamente buscando o caminho sem saber disso. Guerreiro é a pessoa que tem um objetivo, e que por meio deste, passa a ter consciência de seu dom e suas limitações. Através dessa consciência, o guerreiro atinge sua meta, combinada com a vontade de vencer fraquezas, temores e limitações.
Cada pessoa trilha seu próprio caminho, já que existem vários caminhos como o caminho da cura pelo médico, o caminho da literatura pelo poeta ou escritor, e muitas outras artes e habilidades. Cada pessoa pratica de acordo com a sua inclinação. Por isso pode-se chamar de guerreiro, aquele que segue seu caminho específico.
Porém, no bushido, a palavra guerreiro significa muito mais do que isso. O termo bushi não pode ser designado a qualquer um. O bushi é diferente, pois seus estudos do caminho baseiam-se em superar os homens. A casta guerreira se distingue das demais por sua fidelidade e honra, a palavra do guerreiro vale mais do que tudo.
"Quando o guerreiro assume uma responsabilidade, mantém sua palavra. Os que prometem e não cumprem, perde respeito próprio, tem vergonha de seus atos e sua vida consiste em fugir, gastam mais energia dando desculpas para desonrar sua palavra, do que o guerreiro usa para manter seu compromisso. Ás vezes o guerreiro assume uma responsabilidade que resultará em prejuízo. Não torna a repetir esta atitude, mas honra o que disse e paga o preço de sua impulsividade". – Manual Do Guerreiro Da Luz.
O caminho do guerreiro é o caminho da pena e da espada, esse conceito vem do antigo Japão feudal e determinava que a nobreza (bushi) dominasse tanto a arte da guerra quanto a leitura, e que ele deve apreciar ambas as artes. O bushi deve aprender o caminho de todas as profissões, se informar sobre todos os assuntos, apreciar as artes e quando não estiver ocupado em suas obrigações militares, deverá estar sempre praticando algo, seja a leitura ou a escrita, armazenando em sua mente a história antiga e o conhecimento geral, comportando-se bem a todo momento para ter uma postura digna de um samurai, tudo isso sem desviar do verdadeiro caminho, o bushido.
A etiqueta deve ser seguida, todos os dias da vida cotidiana, assim como na guerra pelos samurais. Sinceridade e honestidade são as virtudes que avaliam suas vidas. Transcender um pacto de fidelidade completa e confiança esta ligado à dignidade. Os samurais também precisavam ter autocontrole, desapego e austeridade para manter sua honra, em função disso, podemos dizer que o samurai é o guerreiro completo e seu código de honra - o bushido - tem forte influência no estilo de vida do povo japonês e oferece uma explicação do caráter e da indomável força interior desse povo.
Para o bushido, o caminho do guerreiro exige que a conduta de um homem seja correta em todos os sentidos, dessa forma, a preguiça é um mal que deve ser abominado. Mas existe problemas quando a pessoa se apóia no futuro, pois torna-se preguiçosa e indolente, já que deixam pra amanhã, aquilo que poderia ser feito hoje. Pessoas que agem dessa maneira, não seguem o verdadeiro preceito do bushido, que de um modo geral, é a aceitação resoluta da morte.
"Um samurai deve antes de tudo ter sempre em mente, dia e noite, desde a manhã de ano novo, quando pega os palitos para tomar café, até a noite do último dia do ano, quando paga suas faturas, o fato de que um dia irá morrer. Essa é a sua principal tarefa”. – Bushido O Código Do Samurai – Daidoji Yuzan.
Se o guerreiro tem plena consciência da morte, evitará conflitos, estará livre de doenças, além de ter uma personalidade com muitas qualidades e diferenciada às dos demais seres humanos. O guerreiro vive o presente sem se preocupar com o amanhã, de modo que quando contempla o rosto das pessoas, sente como se nunca mais fosse vê-los novamente, e portanto, seu dever e consideração as pessoas, serão profundamente sinceros. O verdadeiro guerreiro é aquele que aceita a morte, dessa maneira, ele não irá se meter em discussões desnecessárias que venham a provocar um conflito maior, já que assim ele pode acabar sendo morto, e isso talvez resultaria na sua desonra ou afligiria a reputação e nome de sua família. Se a idéia de morte é mantida, será cuidadoso e suscetível de ser discreto e não dirá coisas que ofendam às outras pessoas. Também não cometerão excessos doentios com a comida, bebida e sexo, usando a moderação e a privação em tudo, permanecendo livre de doenças e mantendo uma vida saudável.
O guerreiro deve arder com a morte em desespero. “Naoshige disse uma vez: - O bushido significa a morte em desespero. Várias dezenas de samurais sadios não podem matar um único samurai (que arda com essa morte em desespero). Homens sadios, de mente calmamente bem-compostas não podem realizar um grande empreendimento. Você só precisa ficar desesperado a ponto de morrer. Se a discrição e a consideração do momento fundem-se com seu bushido, você na certa hesitará e ficará aquém de sua espreita”. – Bushido: O Caminho do Samurai - Tsuramoto Tashiro.
Resumindo, bushi é aquele que segue o caminho do guerreiro. Miyamoto Musashi dizia: - Os homens devem moldar seu caminho. A partir do momento em que você ver o caminho em tudo o que fizer, você se tornará o caminho.

Fonte: Instituto Niten
Pensamentos

"Nunca esquecer que no caminho das Artes Marciais, as recompensas serão abundantes somente com dedicação e aplicação." [ Masutatsu Oyama ]
"A verdadeira essência das Artes Marciais só poderá ser realizada através da experiência, o segredo e mistério está em ganhar experiência." [ Masutatsu Oyama ]
"As Artes Marciais começam num ponto de harmonia e terminam num círculo de harmonia, o qual contém uma linha de movimentos corretos e exatos." [ Masutatsu Oyama ]
"O caminho das Artes Marciais é Universal e todos os desejos egoístas, devem arder no fogo endurecedor dos rigorosos treinos." [ Masutatsu Oyama ]
"Nas Artes Marciais a meditação e introspecção sobre as ações do passado, conduz-nos á habilidade e sabedoria para as ações futuras." [ Masutatsu Oyama ]
"Para saber que nós sabemos o que nós sabemos, e para saber que nós não sabemos o que nós não sabemos, isso é o conhecimento verdadeiro. " [ Nicolau Copérnico ]
"A sabedoria da natureza é tal que não produz nada de supérfluo ou inútil. " [ Nicolau Copérnico ]
"Não é um plano ruim manter-se quieto ocasionalmente quando você sabe do que está falando." [ Kin Hubbard ]
"A sabedoria é uma construção sólida e única, na qual cada parte tem seu lugar e deixa sua marca." [ Michel de Montaigne ]
"A sabedoria não nos é dada. É preciso descobri-la por nós mesmos, depois de uma viagem que ninguém nos pode poupar ou fazer por nós." [ Marcel Proust ]
"Não me entrego sem lutar, tenho ainda coração. Não aprendi a me render, que caia o inimigo então..."
Obs.: Trecho de Metal Contra as Nuvens. [ Renato Russo ]
"Meu amor, disciplina é liberdade, compaixão é fortaleza, ter bondade é ter coragem..."
Obs.: Trecho de Há Tempos. [ Renato Russo ]
"A força para mudar o que eu posso, a inabilidade para aceitar o que eu não posso, e a incapacidade para contar a diferença." [ Bill Watterson ]
"A razão do mais forte é sempre a melhor." [ Jean de La Fontaine ]
"Direi que o gigante é menos forte que a pulga, pelo simples fato de esta o morder ?" [ Jean de La Fontaine ]
"Quanto maior o obstáculo, mais forte o desejo." [ Jean de La Fontaine ]
"A perseverança é mais eficaz do que a violência, e muitas coisas que, quando reunidas, são invencíveis, cedem a quem as enfrenta um pouco de cada vez." [ Plutarco ]
"Acho que nossas chances não parecem boas hoje mas a única forma de falhar para mim é apenas não tentando." [ Gary Kasparov ]
"Contra ti me arremessarei, invencível e persistente, ó Morte!" [ Virginia Woolf ]

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Entre o Céu e o Inferno
Conta a lenda que um dia um samurai, grande e forte, conhecido pela sua índole violenta foi procurar um sábio monge em busca de respostas para suas dúvidas.
Monge, disse o samurai com desejo sincero de aprender,
Ensina-me sobre o céu e o inferno!
O monge, de pequena estatura e franzino, olhou para o bravo guerreiro e simulando desprezo disse:
- Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma. Você está imundo. Seu mau cheiro é insuportável!
Ademais, a lâmina da sua espada está enferrujada.
Você é uma vergonha para a sua classe!
O samurai ficou enfurecido.
O sangue lhe subiu ao rosto e ele não conseguiu dizer nenhuma palavra, tamanha era sua raiva.
Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e se preparou para decapitar o monge.
- Aí começa o inferno! - disse o sábio mansamente.
O samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele pequeno homem o impressionara. Afinal, arriscou a própria vida para lhe ensinar sobre o inferno. O bravo guerreiro abaixou lentamente a espada e agradeceu ao monge pelo valioso ensinamento. O velho sábio continuou em silêncio. Passado algum tempo o samurai, já com a intimidade pacificada, pediu humildemente ao monge que lhe perdoasse o gesto infeliz. Percebendo que o pedido era honesto, o monge lhe falou: - Aí começa o céu!.
Portanto o céu e o inferno podemos construir na própria intimidade. São estados de espírito que elegemos no dia-a-dia. A cada instante somos convidados a tomar decisões que definirão o início do céu ou o começo do inferno. É como se todos fôssemos portadores de uma caixa invisível, onde houvessem também ferramentas e materiais de primeiros-socorros. Diante de uma situação inesperada, podemos abri-la e lançar mão de qualquer objeto do seu interior. Assim, quando alguém nos ofende ou atinge, podemos erguer o martelo da ira ou usar o bálsamo da tolerância.
Visitados pela calúnia, podemos usar o machado do revide ou a gaze da autoconfiança. Quando injúria bater em nossa porta, podemos usar o aguilhão da vingança ou o óleo da compreensão e talvez do perdão. Diante da enfermidade inesperada, podemos lançar mão do ácido dissolvente da revolta ou empunhar o escudo da fé. Ante a partida de um ente caro, nos braços da morte inevitável, podemos optar pelo punhal do desespero ou pela chave da aceitação.

Enfim, surpreendidos pelas mais diversas e infelizes situações, poderemos sempre optar por abrir abismos de incompreensão ou estender a ponte do diálogo que nos possibilite uma solução feliz.
A decisão depende sempre de nós.
E ela do nosso estado íntimo.
Portanto, criar céus ou infernos, portas lá dentro da alma, é algo que ninguém poderá fazer por nós. Sua vontade é soberana. Sua intimidade é um santuário do qual só você possui a chave. Preservá-la das investidas das sombras ou abri-la para que o sol possa iluminá-la só depende de você.
Os Portais do Paraíso

Um orgulhoso guerreiro chamado Nobushige foi até Hakuin, e perguntou-lhe: "Se existe um paraíso e um inferno, onde estão?" "Quem é você?" perguntou Hakuin. "Eu sou um samurai!" o guerreiro exclamou. "Você, um guerreiro!" riu-se Hakuin. "Que espécie de governante teria tal guarda? Sua aparência é a de um mendigo!".
Nobushige ficou tão raivoso que começou a desembainhar sua espada, mas Hakuin continuou:
"Então você tem uma espada! Sua arma provavelmente está tão cega que não cortará minha cabeça..."
O samurai retirou a espada num gesto rápido e avançou pronto para matar, gritando de ódio. Neste momento Hakuin gritou:
"Acabaram de se abrir os Portais do Inferno!"
Ao ouvir estas palavras, e percebendo a sabedoria do mestre, o samurai embainhou sua espada e fez-lhe uma profunda reverência.
"Acabaram de se abrir os Portais do Paraíso," disse suavemente Hakuin.
Existem duas lendas que supostamente deram origem ao judô, uma japonesa e outra chinesa.
A lenda japonesa fala de um salgueiro e de uma cerejeira no inverno...
Os galhos da cerejeira quebravam tal fósforos sob o peso da neve, enquanto que o salgueiro, flexível, cedia, fazia a neve escorregar e não lhe dava chance de pressioná-lo.
Este é o princípio do Judô : “Ceder para Vencer”.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Pensamentos de Sun Tzu

“Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.”

“A vantagem estratégica desenvolvida por bons guerreiros é como o movimento de uma pedra redonda, rolando por uma montanha de 300 metros de altura. A força necessária é insignificante; o resultado, espetacular.”

“Se você descobrir o ponto fraco do oponente, você tem que afetá-lo com rapidez. Capture, inicialmente, aquilo que for muito valioso para o inimigo. Não deixe que seja revelado a hora do seu ataque.”

“É de suprema importância atacar a estratégia do inimigo.”

“Quando cercar o inimigo, deixe uma saída para ele. Caso contrário, ele lutará até a morte.”

“(…) se não é vantajoso, nunca envie suas tropas; se não lhe rende ganhos, nunca utilize seus homens; se não é uma situação perigosa, nunca lute uma batalha precipitada…”

“Quando capaz, finja ser incapaz; quando pronto, finja despreparado; quando próximo, finja estar longe; quando longe, façam acreditar que está próximo.”

“É preferível capturar o exército inimigo a destruí-lo. Obter uma centena de batalhas não é o cúmulo da habilidade. Dominar o inimigo sem combater, isso sim é o cúmulo da habilidade.”

“Se numericamente és mais fraco, procura a retirada.”

“Aquele que é prudente e espera por um inimigo imprudente será vitorioso.”

“(…) um comandante militar deve atacar onde o inimigo está desprevenido e deve utilizar caminhos que, para o inimigo, são inesperados…”

“(…) qualquer operação militar tem na dissimulação sua qualidade básica…”

“Diante de uma larga frente de batalha, procure o ponto mais fraco e, alí, ataque com a sua maior força.”

“Na arte da guerra, a melhor opção é tomar o país inimigo intacto. Esmagá-lo á apenas a segunda melhor opção.”

“A vitória é o principal objetivo na guerra. Se tardar a ser alcançada, as armas embotam-se e a moral baixa.”

“Um grande general não é arrastado ao combate. Ao contrário, sabe impô-lo ao inimigo.”

“A estratégia sem tática é o caminho mais lento para a vitória. Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota.”

“Mantenha-os sob tensão e canse-os.”

“Atacai-o onde não estiver preparado. Executai as vossas investidas somente quando não vos esperar.”

“A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é inadequada; quem ataca, mostra que ela é abundante.”

“O principal objetivo da guerra é a paz.”

“Comandar muitos é o mesmo que comandar poucos. Tudo é uma questão de organização.”

O Samurai e o presente.
Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que adorava ensinar sua filosofia para os jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda que ele ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. E, conhecendo a reputação do velho samurai, estava ali para derrotá-lo, aumentando sua fama de vencedor.
Todos os estudantes manifestaram-se contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos – ofendeu inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho mestre permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo- se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou- se.
Desapontados pelo fato do mestre ter aceito tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram:
- Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?
- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? – perguntou o velho samurai
- A quem tentou entregá-lo – respondeu um dos discípulos.
- O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos – disse o mestre – Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo.

“Na discussão, o vencido obtém maior proveito, pois aprende o que ainda não sabia.”
“Não podemos viver felizes se não formos justos, sensatos e bons; e não podemos ser justos, sensatos e bons sem sermos felizes.”
“Quem exige ajuda constante, e, do mesmo modo, quem nunca a presta, não é amigo. O primeiro quer comprar o nosso esforço com o seu afeto; o segundo nos rouba, para todo o futuro, a esperança consoladora.”
O SAMURAI E O MESTRE ZEN




Certo dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso, veio ver um Mestre Zen. Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre, sua beleza e o encanto daquele momento, o Samurai sentiu-se repentinamente inferior.
Ele então disse ao Mestre:
- "Por que estou me sentindo inferior? Apenas um momento atrás, tudo estava bem. Quando aqui entrei, subitamente me senti inferior e jamais me sentira assim antes. Encarei a morte muitas vezes, mas nunca experimentei medo algum. Por que estou me sentindo assustado agora?"
O Mestre falou:
- "Espere. Quando todos tiverem partido, responderei."
Durante todo o dia, pessoas chegavam para ver o Mestre, e o Samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar. Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio, o Samurai perguntou novamente:
- "Agora o senhor pode me responder por que me sinto inferior?"
O Mestre o levou para fora. Era uma noite de lua cheia e a lua estava justamente surgindo no horizonte. Ele disse:
- "Olhe para estas duas árvores: a árvore alta e a árvore pequena ao seu lado. Ambas estiveram juntas ao lado de minha janela durante anos e nunca houve problema algum. A árvore menor jamais disse à maior: 'Por que me sinto inferior diante de você?' Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o fato, e nunca ouvi sussurro algum sobre isso."
O Samurai então argumentou:
- "Isto se dá porque elas não podem se comparar."
E o Mestre replicou:
- "Então não precisa me perguntar. Você sabe a resposta. Quando você não compara, toda a inferioridade e superioridade desaparecem. Você é o que é e simplesmente existe. Um pequeno arbusto ou uma grande e alta árvore, não importa, você é você mesmo. Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas. O canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer Buda, pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer.
"Simplesmente olhe à sua volta. Tudo é necessário e tudo se encaixa. É uma unidade orgânica: ninguém é mais alto ou mais baixo, ninguém é superior ou inferior. Cada um é incomparavelmente único. Você é necessário e basta. Na Natureza, tamanho não é diferença. Tudo é expressão igual de vida!"